Contudo, não
se deve esmorecer, baixar a cabeça, mesmo presenciando em toda vida pregressa,
já vivida, coisas inusitadas, surpresas, que provocam momentos de angústia e
tristeza. O importante é que o ser humano sempre tem consigo a virtude de não
desistir, de não se dar por vencido, e isso faz com que ele se mantenha em
constante luta para conseguir um mundo melhor para se viver, mesmo que as
perspectivas não sejam motivo de esperança.
É
muito bonito se fazer uma reflexão sobre a vida dos outros sem que se faça
também sobre a sua própria vida, e consequentemente, se autoavaliar perante as
perspectivas dos outros. Isso todo mundo faz, porém, a grande maioria não
consegue fazer essa reflexão de forma inversa, ou seja, refletindo primeiro
sobre si e avaliando os outros em consequência de seu próprio posicionamento,
de sua cobrança pessoal.
Divagar,
pensar sobre teorias pessoais sempre acaba em desilusão, insatisfação: ninguém
é perfeito suficiente para agradar aos outros, e nem tão pouco, perfeito para
assimilar as influências dos outros. Por isso o título, que leva sempre à
reflexão proposta por William Shakespeare e que não passa de uma mera análise
de vida, uma referenciação de “como ser”, “para que ser” e “porquê ser”? Se não
houver, a todo momento, uma reflexão sobre o “ser” de cada pessoa, não haverá
então uma postura digna de relacionamento em consonância com a maior das
virtudes humanas, que é o “amor”.
Sabe-se que o amor mudou, e que ele já não é mais o mesmo. Mudou de cor,
de forma, de estrutura, de intenções, de qualidade, de direcionamento, de
intensidade, mas, ainda assim, mantém sua medula, sua razão de ser, que é o
“querer”. É através desse querer que o ser humano ainda persiste em lutar
contra o mal que ora se instaura socialmente, e mesmo tão enfraquecido, ainda
consegue erguer a bandeira conservada viva pela família, pela dignidade, pela
personalidade e caráter, promovendo um alarde significativo, arrebanhando
pessoas novas nessa campanha de revitalizar o amor em nosso meio, para banir de
forma definitiva os transtornos angustiantes da insegurança e indiferença entre
seres de uma mesma família, de uma mesma espécie: ser humano.
Mesmo nas
palavras de Shakespeare lançadas em trecho da peça teatral “A tragédia de Hamlet,
príncipe da Dinamarca” pode-se verificar tais questionamentos que se visualiza
hoje, como é a valorização e o uso do sentimento de nobreza. O autor propõe
ainda através do personagem Hamlet, que “Morrer para dormir... é uma
consumação, que bem merece e desejamos com fervor. Dormir... Talvez sonhar: eis
onde surge o obstáculo: pois quando livres do tumulto da existência, da vida, no
repouso da morte, o sonho que tenhamos deve fazer-nos hesitar, pensar: eis a
suspeita”. Em síntese lança-se a consumação de que somente mortos é que se pode
se livrar da cobiça, das provocações, da angústia, orgulho, do sofrer e
infortúnios provocados pela fraqueza da carne, e com isso poder sonhar, livres,
para não cometer o engano de sentir e praticar o amor, sem amar plenamente. O
interessante é amar, de forma viva e livre, deliberada e consciente de que:
“faz bem amar”.
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