A Sociedade dos Jovens

A Sociedade dos Jovens

Problemas da Educação


                                      
Não há uma política educacional que possa resolver os problemas que se tem com os jovens e seus comportamentos desajustados com relação aos estudos.      





Na opinião de muitos pesquisadores na área da educação o maior motivo para os alunos não quererem frequentar a escola durante o ensino fundamental e médio é os conteúdos ensinados, porque na cabeça dos jovens o que se ensina são matérias desnecessárias para a sua vida, e que não farão diferença e nem terão influência em suas vidas futuras, profissionalmente. Os jovens, pela sua
formação e entendimento, não entendem tal necessidade e por isso não demonstram o interesse que seria viável. Para os jovens que estão na faixa dos 13 aos 17 anos de idade as matérias não passam de mais uma imposição burocrática, e acham ainda que o que se aprendem são coisas muito profundas, analisadas de forma generalizada, e para eles, esse tipo de aprendizagem não terá nenhum impacto na prática que eles viverão quando adultos. Mais uma preocupação que talvez seja mais um motivo da desmotivação dos jovens estudarem é que, infelizmente, eles chegam nessa fase dos estudos, alguns, nem sabendo ao menos ler e escrever e são, portanto, considerados analfabetos funcionais. E o número dessa classe de estudante vem crescendo muito por causa do fraco empenho do setor pedagógico durante os primeiros anos do ensino, dos 6 aos 12 anos de idade.
           

            Há alguns anos criaram os estudos no período da noite, afim de favorecer aqueles jovens que trabalhavam durante o dia  para ajudar a família, ou simplesmente, para ter seu dinheiro e poder custear seus gastos pessoais. Depois diminuíram a carga horária e criaram o EJA – Ensino para Jovens e Adultos, facilitando a vida dos jovens trabalhadores, que puderam a partir de então, concluir seus estudos em um curto espaço de tempo. Atualmente, até esse curso noturno já está sendo banido e retirado de várias escolas. Aqui em Lavras por exemplo são poucas escolas oferecendo esse curso.

O que o jovem quer aprender.



Tudo que o jovem precisa aprender ele encontrará com maior quantidade e qualidade dentro das salas de aula e nos pátios e corredores das escolas.






            Se o jovem quer ser um jovem bem sucedido, ele tem, obrigatoriamente, que optar em frequentar uma escola, talvez não para aprender matérias de português ou matemática, mas para aprender o necessário para apropriar-se de seu espaço na sociedade. Por isso há e haverá sempre uma enorme discórdia com relação ao que o jovem quer aprender e o que se quer ensiná-lo. Isso porque a mentalidade jovial se difere, de um para o outro, de tal forma, que é impossível culminar ou juntar todos os seus sonhos e ensejos num só método ou estratégia de ensino. A própria cultura popular mostra que essa diversidade é tão grande que não dá para ser colocada dentro de uma sala de aula, e nem dentro de uma escola.

            O que o jovem quer aprender é o que o instante cobra dele, é o que o momento lhe impõe, é o que ele tem o interesse de saber para se sair bem “na fita”, nos relacionamentos com a sua turma, no seu contexto de vida que se transforma a cada segundo, e, independentemente de passado ou futuro, aprender o necessário e útil para se sair bem no momento presente.
            Para o jovem o essencial está nos ensinamentos que o leve a superar sem traumas, seus momentos perante o público, seu alvo, que são os outros jovens que vivem e passam pelo mesmo período de dificuldades, dificuldades acentuadas pelo instinto de competitividade. É o aprender a superar o medo da discriminação e da exclusão impostas pela sociedade capitalista. O jovem quer muito aprender como conviver com as disparidades, com as diferenças sociais, ou com sua própria deficiência física, já que muitos, ou a maioria, se acha deficiente ou insuficientemente dotado no quesito beleza, e quer aprender os temas e assuntos que são discutidos pelo grupo de amigos  para conseguir sobressair nas conversas e se apresentar como um possível líder.
            Por incrível que pareça, é justamente na escola onde o jovem aprende isso tudo que transcende o ensino das matérias escolares, porque é na escola onde se tem um relacionamento profundo com vários tipos de pessoas, com abordagem de assuntos diversos e onde está a essência da juventude, a própria juventude compactada e estendida, pura e misturada, com todos ingredientes para a formação de um jovem bem sucedido.



            Com isso entende-se que o jovem, não generalizando é claro, só vai à escola para aprender a conviver com as adversidades e ter novos relacionamentos, ter novos e mais amigos, e que nesse contratempo são obrigados a “engolir” coisas culturais, conhecimentos didáticos que para eles não tem serventia agora. Sabe-se que não é bem assim, e que a finalidade principal da escola é ensinar conhecimentos específicos de cada disciplina e não ensinar modos ou modelos de relacionamentos entre jovens. Mas a escola acaba ensinando isso melhor do que qualquer outro ambiente social, mesmo os especiais, como a própria família, de onde o jovem não consegue tirar muita coisa que lhe interessa, porque o que lhe interessa mesmo está nos grupos de amigos nas escolas.