A Sociedade dos Jovens

A Sociedade dos Jovens

CRAQUE – Na bola e na escola

Quem ler este título, não terá uma visão de sua extensão com relação à situação e condições que é envolvida a palavra “craque”, no contexto atual. Craque na bola... Seria ótimo se pudéssemos ler somente com essa interpretação, que seria em outras palavras, uma pessoa boa no domínio de uma bola, ou um bom jogador de futebol. Da mesma forma seria ótimo de pudéssemos realizar somente uma leitura da frase “craque na escola”, com a intenção de denominar aquele aluno que tem domínio nas matérias, que consegue acompanhar o raciocínio exigido em cada disciplina, como a matemática e português.
É uma pena mesmo, pois temos hoje, um segundo tipo de leitura e interpretação para essas frases: “craque no esporte” e “craque na escola”. Isso mesmo. Essa segunda leitura quer dizer que já está circulando dentre os atletas praticantes do esporte mais popular do Brasil, a droga denominada “Craque”, que também conseguiu entrar pelos portões das escolas e até pelas portas das salas de aula. Isso não é inverdade, pois pode ser comprovado em inúmeras escolas, onde está havendo o problema de estudantes que estão se desfazendo de tudo o que vê pela frente, para comprar a tal droga e sustentar seu vício.
Para os leigos, ou melhor, aqueles que não tem pleno conhecimento sobre essa poderosa droga, complementamos que o “CRACK”, como é mais conhecido na mídia, nada mais é do que uma mistura de cloridrato de cocaína (cocaína em pó), bicarbonato de sódio ou amônia e água destilada, que resulta em pequeninos grãos, fumados em cachimbos que podem ser improvisados de várias formas. É mais barato que a cocaína mas, como seu efeito dura muito pouco, acaba sendo usado em maiores quantidades de vezes, o que torna o vício muito caro, pois seu consumo passa a ser maior. Estimulante seis vezes mais potente que a cocaína, o craque provoca dependência física e leva à morte por sua ação fulminante sobre o sistema nervoso central e cardíaco.
O craque leva 15 segundos para chegar ao cérebro e já começa a produzir seus efeitos: forte aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas, suor intenso, tremor muscular e excitação acentuada, sensações de aparente bem-estar, aumento da capacidade física e mental, indiferença à dor e ao cansaço. Mas, se os prazeres físicos e psíquicos chegam rápido com uma pedra de craque, os sintomas do vício também não demoram a chegar. Em 15 minutos surge de novo a necessidade de inalar a fumaça de outra pedra, caso contrário aparecerão inevitavelmente o desgaste físico, a prostração através de um cansaço acompanhado de uma angústia e tristeza e a depressão profunda. Estudiosos asseguram que "todo usuário de craque é um candidato à morte", porque ele pode provocar lesões cerebrais irreversíveis por causa de sua concentração no sistema nervoso central.
Essa droga já está atuando fortemente entre os jovens de todos setores da sociedade e promove uma intrigante situação nos lares que adentram: os jovens viciados necessitam de mais e mais dinheiro para comprá-la, e com isso, vendem tudo que têm e que não têm para saciar o vício e se aliviar do angustioso desejo de cheirar mais.
Não pensem vocês, de cima de pedestais, que o problema está longe. Pelo contrário, ele está muito próximo de todos nós. Já é verídico, constatado e realidade em toda sociedade, em todo local onde temos a presença de jovens, sem descartarmos também usuários menores e adultos.
Ser craque no esporte e na escola implica em uma aptidão saudável, consciente e segura de um futuro melhor, enquanto que ser dominado pelo craque é se definhar em consequência da dependência química e dos distúrbios crônicos decorrentes do triste vício.

O VALOR DO PASSADO

Ai de nós, se não respeitarmos o passado e os exemplos que nos deixa; as lições de vida que nos transmite.
Cada época passada nos trás uma lembrança marcante que nos conduz a novos comportamentos, a novas atitudes e decisões. É através dos registros e anotações de nossos antepassados que conseguimos um desenvolvimento, tanto tecnológico como cultural, tão significante.
Se o homem já chegou à lua e já tem sondas espaciais no planeta Marte, é porque somou resultados das descobertas científicas com o auxílio dos grandes cientistas do passado, como Einstein e outros. Contamos também com a ajuda de Bill Gates, que tornou popular a computação e proporcionou o desenvolvimento da tecnologia da informática e internet.
Enquanto a juventude se acha inteligente o suficiente para os avanços do novo mundo contemporâneo, os mais adultos e idosos se assustam com a ignorância e incompetência dos jovens. Isto porque o jovem também considera os mais idosos ultrapassados, chatos, incoerentes com a atualidade.
Percebe-se então que existe aí, entre novos e velhos, um impasse, uma inversão de valores, uma enorme divergência de idéias, conceitos e comportamentos vinculados à herança cultural de cada geração. Estudiosos continuam afirmando que a grande invenção da humanidade foi a roda, mas para a geração nova isso é uma hipocrisia, de tão fácil que é inventar uma roda. Da mesma forma dirão as gerações do futuro com relação às invenções de nossa época, como do aparelho que incorpora ao mesmo tempo, telefone celular, televisão, fax modem, rádio, máquina fotográfica, gravador e player de músicas e vídeos. Cada geração trás uma coisa nova, na moda, na música, no comportamento e no próprio relacionamento. Tanto que podemos notar, na questão de relacionamento, a progressão relacionada com o namoro: antes era namorar e agora ficar.
Mesmo com todo desenvolvimento que julgamos ter acontecido nas últimas décadas, sabemos que o homem ainda não aprendeu o mais importante, que é viver em paz. Ainda paira no ar os sinais da indiferença e da guerra. Ainda se mata irmãos por coisas banais. O homem ainda tem estômago para assistir outro ser humano morrer de fome ou de frio e ainda achar que está fazendo sua parte.
Trogloditas é coisa do passado. Hoje nada é criado no sentido horizontal ou para baixo. Tudo gira no positivo, no sentido vertical, para cima. Mesmo assim a juventude insiste em contrariar e a gerar conflitos, agindo de forma errônea e promovendo a discórdia e a diferença de classes através do desrespeito aos ensinamentos e exemplos deixados por nossos antepassados.

Pais e filhos: relacionamento ou tortura

Independentemente da forma e método que os pais escolhem para educar seus filhos, sempre vem em primeiro lugar a valorização do poder, do status e o sucesso financeiro, gerando sem que percebam, uma tortura ansiosa de insegurança e desequilíbrio no desenvolvimento dos filhos. Tanto os pais enxergam os filhos como instituições financeiras, planejando um futuro meramente material para eles, como eles consideram os pais como suportes financeiros para lhes comprar os vários objetos de desejo existentes no mercado.
Quem se mantem informado sabe muito bem que um dos maiores erros que os pais cometem na relação com os filhos está na preocupação visando o aspecto material. Os pais que não possuem muito tempo para seu filho, acabam tendo que compensar essa ausência através de presentes e recompensas materiais. Acham relevante ganhar um abraço do filho como agradecimento por ter ganho um presente, enquanto que, um abraço afetivo, em agradecimento e valorização de se ter um pai, às vezes, nunca acontece. Veja bem! Os pais também não estão valorizando “esse” relacionamento afetivo. Estão preocupados em direcionar o filho para os sucessos que ele próprio não conseguiu alcançar. Usam o filho para atingir e superar as dificuldades que eles não conseguiram superar, colocando o filho como uma continuidade de sua meta não superada.
Todo pai que adota um processo educativo valorizando e dando prioridade ao poder, status e sucesso financeiro, nunca terá um relacionamento forte, com sentimentos de admiração, carinho, amor e afeto, que são as verdadeiras bases da família e da sociedade.
Para adotar um sistema de educação, nunca se deve dar ênfase às questões quantitativas, mas sim às questões qualitativas, que levarão ao desenvolvimento de uma relação no tempo certo, normal, aflorando os sentimentos de ternura e segurança, que só podem nascer e surgir de uma educação consciente e prazerosa, com troca de afetividade dentre os membros da família. Um filho é único, é especial, individual, e nunca uma projeção dos pais, querendo que sejam clones avançados de si próprios, com cobranças que jamais deveriam acontecer.
O tipo de educação a adotar é importante porque influenciará até nas questões de relacionamento na escola e dentre os amigos, podendo deixar os filhos retraídos ou mesmo agressivos, com dificuldades de ajustamento social. Uma educação que não vise o aspecto pessoal e afetivo resulta obviamente em um desastre para a sociedade, para a coletividade. Infelizmente sentimos hoje os reflexos e desequilíbrios de um processo de educação implantado na maioria das famílias, que não deram importância ao contato humano, à individualidade, ao espírito coletivo, à auto-estima e afetividade familiar.
Lamentavelmente temos hoje uma nova geração de jovens rebeldes e insensíveis ao bom relacionamento (raras exceções), que têm seus sentimentos, corações e almas manipuladas pelos efeitos e defeitos da televisão, do celular, do computador e videogame, com apenas um interesse comum: posse e poder.