Parece simples alguém elaborar uma solução
para aniquilar o grande prejuízo cultural gerado pela indisciplina escolar, mas
até hoje, não surgiu esse gênio, que certamente, mereceria um Nobel.
Há uns quarenta ou
trinta anos atrás o contexto de “escola” e de “sala de aula” era totalmente
diferenciado dos dias atuais, quando a indisciplina e a falta de interesse em
aprender praticamente não existiam. Era um problema que pouco ou raramente
acontecia. Isso porque as escolas mantinham um sistema tradicional que exigia
dos alunos um comportamento mais rígido, quase que militar, mas que dava certo, naquela época,
talvez porque quando aconteciam atitudes e atos de indisciplinas os alunos eram
penalizados com castigos físicos, e isso talvez fosse uma estratégia de
sucesso, o que já não se aplica hoje. Com o desenvolvimento intelectual e
cultural do povo as técnicas de repressão à indisciplina mudaram muito, sendo
que hoje vivemos uma estratégia de valorização da democracia, com ênfase no
ensino e respeito à cidadania, dando liberdade plena de opção aos alunos. Assim
todas as escolas propõem em seus projetos pedagógicos princípios mais
humanísticos para acabar ou diminuir a indisciplina em sala de aula, visando
melhoras nas condições de aprendizagem dos docentes.
Na maioria das pesquisas realizadas questionando os
professores quanto a causa maior da dificuldade para lecionar, a maioria deles respondeu
que o motivo era a indisciplina, e com isso, surgiu o levantamento de uma nova versão
e perspectiva de análise desse problema, considerando que a indisciplina nada
mais é que a transgressão de dois tipos de regra. O primeiro tipo de
transgressão está nas questões morais, com base nas regras regidas pela
sociedade e que têm como princípio o bem comum de todos, envolvendo diretamente
as questões éticas, de família, como não xingar, bater ou castigar, regra
válida para qualquer tipo de escola. Já o segundo tipo de transgressão está
vinculado à indisciplina convencional, que é definida e imposta por um grupo
específico de pessoas ou entidades e está ligado diretamente às indisciplinas
como usar celular ou conversar indevidamente em sala de aula.
Nesse
caso essas transgressões variam de escola para escola, onde numas, as regras
podem ser mais brandas e noutras mais severas, vindo incluir ainda o uso ou não
de bonés em sala de aula. As crianças não conseguem enxergar as regras como benéficas
para elas quando vêem que podem tirar proveito delas, e muitas vezes se
revoltam e pioram a situação ao analisarem que terão que respeitar tais regras
por imposição porque essas convenções e situações colocam como pendência
positiva ou negativa as permissões, as proibições, denúncias públicas em sala
ou comunicados aos pais ou qualquer outro tipo de castigo sem que haja algum
tipo aberto de negociação.
O que parece é que as estratégias usadas atualmente pelos
professores para lidar com a indisciplina estão indo contra o que os
especialistas apontam ser o mais adequado, que é realizar uma revisão de
conceitos e promover uma adequação da situação, talvez usando mais a psicologia
e a sociologia a fim de fazer com que os jovens consigam enxergar com clareza
que a indisciplina na sala de aula prejudica, não só ele, mas a todos os
colegas. Só assim, com a conscientização deles, as escolas terão um
aproveitamento melhor, podendo inclusive, cobrar mais dos professores em favor
de seus alunos.