A Sociedade dos Jovens

A Sociedade dos Jovens

Analfabetos: sim senhor!


     
Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constata que um em cada 10 brasileiros é analfabeto, o que equivale a 14,1 milhões da população que está na faixa etária de 15 anos de idade ou mais. A pesquisa mostra ainda que cerca de dois terços dessas pessoas estão nas cidades, moram nas cidades, nos centros urbanos, e não nas zonas rurais como muitos pensam. Analisando a questão em nosso estado, temos na região Metropolitana de Belo Horizonte cerca de 182 mil excluídos do mundo das letras e 95% deles vivem nos centros urbanos.
Conforme apuração jornalística do Jornal Estado de Minas, “as mãos que embalam os filhos, cozinham do bom e do melhor e pagam impostos em dia ainda são incapazes de assinar o próprio nome, escrever bilhetes ou preencher um documento”. Muitas pessoas com esse perfil têm os olhos atentos aos noticiários da tevê, olham sempre atentas às placas de sinalização nas ruas e até mesmo aos símbolos que emitem mensagens instrucionais, entendendo-os, porém, sem conseguirem ler um livro, entrevistas em jornais ou até mesmo uma carta pessoal. O que a pesquisa mostra é que essa realidade não é realidade somente nos cantos do país ou nas zonas rurais do estado, mas está presente, de forma real, bem próxima daqueles que são letrados, que são cultos e estudados. Para se ter noção dessa realidade basta que se olhe ao redor e procure enxergar, sem usar de uma imaginação ilusória, mas de uma visão comum e clara: muitas pessoas analfabetas convivem em seu ambiente de trabalho, próximas ao seu local de moradia. Basta querer vê-las.
Um dos focos principais onde se pode encontrar pessoas nessa situação, é o grupo de pessoas que trabalham como servidores auxiliares. Esse grupo de pessoas é campeão nos índices de analfabetismo e se concentra justamente nos centros urbanos, onde vivem servindo as pessoas que são culturalmente avançadas, estudadas, e que, por ocasião das circunstâncias, preferem não enxergar, ou melhor, preferem não ajudar. Pode-se equiparar essa atitude, que não é política, como política, até que se passe a analisar como tal. É a mesma prerrogativa adotada pelos políticos com relação à situação do nordeste do país, ou ao nordeste de muitos estados brasileiros, como em Minas, onde existe uma população vivendo precariamente, pobre, analfabeta e em condições sub-humanas.
Não bastaria ter consciência da situação, mesmo com a comprovação idônea de pesquisas promovidas por vários órgãos, e até mesmo por órgãos governamentais, de que ainda há dentre os componentes de uma sociedade, de uma comunidade, pessoas que têm suas visões vedadas para as principais informações e conquistas do ser humano: as informações através da linguagem verbal, forma escrita que se vê esparramada por todos os graus de competência, por todos os níveis intelectuais e em todos ambientes frequentados por pessoas que vivem em sociedade, e que por serem analfabetas, vivem de forma excluídas.
Essas pessoas são privadas de conhecerem uma sala de aula, os adventos que são concebidos dentro de um ambiente cultural e todo conhecimento que lá são consumados, consumidos e transmitidos entre os componentes docentes e discentes. É um direito que todos têm, e que todos devem promover... a educação.

A doença do ensino e o remédio...





O professor da escola pública vive uma tremenda intranquilidade por conhecer o problema social existente, que prejudica de forma drástica o ensino e a aprendizagem, e que sobressai nas entrelinhas citadas por políticos e demagogos. Não é só o baixo poder de renda da população que desmorona toda tentativa de se conseguir uma sociedade melhor. Temos o problema enfrentado pelo professor que encara os baixos salários e é obrigado a fazer o antipedagógico trabalho extra, juntamente com as tarefas domésticas executadas por muitos, principalmente as mulheres, que exercem ainda os mais diversos tipos de “bicos” com o objetivo de complementar sua renda.

                Juntando-se aos problemas carregados pelos alunos que levam para as salas de aula anomalias de comportamento, o professor tem como agravante a excessiva carga horária, pois o trabalho do professor não se resume na sala de aula. Em casa, ele tem a tarefa de corrigir os deveres, os testes e provas, bem como realizar o planejamento de suas aulas, elaboração de testes e provas, além de ter que se manter atualizado com os estudos e assuntos do cotidiano, que certamente precisará repassar aos alunos.

Com isso a categoria dos professores está decadente em função da desvalorização presente e evidente em quase todos os governos, e, junto das doenças do corpo, vê surgir também as doenças emocionais, em consequência do descaso com a profissão. Em contrapartida, outro setor da sociedade que deveria promover a importância do professor, o crucifica. São os familiares que, em toda e qualquer situação, dão prioridade e maior valor ao posicionamento dos alunos, logicamente, por serem seus filhos, sem perceberem que acentuam ainda mais os problemas do professor, que mesmo estando preparado, ainda assim sofre os abalos emocionais decorrentes da impossibilidade de solucionar os casos que envolvem seus alunos.

O professor sabe onde estão os problemas e de onde surgem. Justamente na falta de condições de trabalho, no empobrecimento geral da população que gera alunos problemáticos, vítimas do desajuste familiar, do meio social violento e das carências que as situações propiciam, que sem dúvida vêm prejudicar a atuação do professor em sala de aula, impedindo melhores resultados.

No extremo das concepções e formulação de solução, somente uma saída viável capaz de refazer a contextualização de uma sala de aula em condições de se trabalhar com eficácia: remanejar das salas normais os alunos que definitivamente não têm condições de desenvolvimento e convivência num ambiente escolar sadio e respeitoso, onde se deve respirar conhecimento, cortesia, caráter e visualização de futuro. Esses alunos que apresentam comportamento incompatível com a normalidade devem ser remanejados das classes normais, para classes especiais, onde teriam um ensino de forma também especial, disciplinar e pedagógico, com professores também especiais, preparados especificamente para esse tipo de situação.

O estado gasta um absurdo para manter os remanejados da sociedade em prisões, casas de detenção e outras organizações corretivas. Então pode o estado gastar também com os alunos remanejados das salas normais, para salas especiais, favorecendo sua recuperação para a cidadania. Todos sabem que a sociedade remaneja seus cidadãos problemáticos, que os grupos sociais, as associações, os grupos partidários e as próprias famílias também remanejam os indivíduos que apresentam problemas comportamentais. Há remanejamentos sim, em todos os setores da sociedade, menos nas escolas, onde o professor é obrigado a se deparar com alunos que o ameaçam, que o tratam com o maior desprezo, que vão à escola para tudo, menos para estudar e respeitar o professor, prejudicando diretamente os colegas.

                Para o setor educacional de um estado ou município que prega veementemente a “inclusão”, visualiza-se esta opção como única, para se conseguir vencer essa barreira e sanar esse problema, ou, pelo menos, amenizar o problema para que o professor consiga dar uma boa aula para os alunos interessados e uma aula especial para os alunos anti-sociais, para que esses possam com maior êxito, se prepararem e sentirem-se inclusos na sociedade.

Portanto, um salário decente, certamente não seria a solução, seria apenas uma gratificação pelos tantos problemas que os professores têm de encarar. A solução está em propiciar ao professor condições de ministrar suas aulas como “educador”, e não como “dominador”, como está sendo “obrigado” a se posicionar hoje. (presenciando uma aula pessoalmente se comprovará essa afirmativa). Muitos benefícios advirão da aplicação de um projeto assim. Piaget e Freire com certeza não previam esse tipo de problema em suas práticas pedagógicas teóricas com projeção para nosso tempo.