A Sociedade dos Jovens

A Sociedade dos Jovens

A LEIdtURA

Nem na lei dura está sendo possível conquistar os jovens para que sejam adeptos da leitura.

Há quem culpe as escolas de não saberem levar os alunos a experimentar o importante prazer da leitura. Para os mais românticos: o saboroso sabor da degustação literária. As escolas, por sua vez, culpam os pais da nova geração que não têm o hábito de ler para os filhos, como faziam alguns, antigamente. Há ainda o lamentável fato de um grande número de escolas estarem ainda sem bibliotecas. Mesmo tendo sua biblioteca, as escolas não conseguem meios e formas de induzir os alunos a praticarem a leitura.

Quando a escola e o lar não dispõem de livros e de pessoas como modelo de inspiração para o ato da leitura, cria-se uma barreira que inviabiliza o desenvolvimento de hábitos saudáveis, em todos sentidos. Um lar onde a criança apenas se preocupa em comer, beber e assistir televisão certamente conterá apenas conteúdos evasivos, que não lhes servirão de suporte e base para uma plena cidadania. Da mesma forma uma escola onde se propõe apenas o ritual normal e corriqueiro do ensino/aprendizagem regido pelas anticriativas normas teóricas e regimentos retrógrados, mantidos na rigidez e inflexibilidade, também irá criar barreiras intransponíveis para o sucesso, para a vivência como cidadão padrão dentro da comunidade.

Pode-se apurar então o quanto deficiente é o gosto pela leitura. O quanto negativo é essa posição da criança e do jovem em relação ao mundo, em relação à sociedade e ao seu próprio desenvolvimento intelectual. Quanto é inexpressivo a atuação de quem poderia de fato ajudar, fomentando, proporcionando e apoiando com diretrizes que levem as crianças e jovens ao hábito da leitura.

Não adianta os pais saírem pela tangente, repassando a responsabilidade para outras pessoas ou outras entidades. Os pais, indiferentemente de qualquer situação, são as figuras mais importantes na conduta da criança e jovens a uma participação lucrativa na exploração da leitura. Se a criança nunca viu os pais com um livro na mão, ou jamais viu os pais lendo um jornal ou revista, provavelmente nunca irá praticar tal ato. Isso sem contar que é preciso que nos lares existam em algum lugar, livros, jornais e revistas para serem lidos.

A mesma coisa se diz de uma escola que não tenha uma biblioteca adequada, ou que não estimula seu uso. É sabido que, infelizmente, alunos por si só não conseguem concentração suficiente para praticar a leitura no ambiente de uma biblioteca, de forma concentrada, quieto e em silêncio. As crianças e jovens de hoje já não conseguem mais este êxtase, que exige concentração.

A família é que tem a responsabilidade de influenciar seus membros para o gosto pela leitura, para soltar a imaginação e criar bons hábitos. Ler é o melhor deles.

A qualidade do professor brasileiro


Não bastasse o conhecido problema decorrente da falta de interesse por parte dos alunos, que estão atualmente sem uma visão de futuro promissora, agindo de forma irresponsável, temos ainda uma acentuada crise na educação brasileira decorrente de diversos problemas, e um deles é o despreparo do professor que resulta diretamente na qualidade do ensino.
Em recente pesquisa realizada pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura), com a finalidade de traçar o perfil do professor brasileiro das escolas públicas e privadas, foi investigada situação em todos os 27 estados da federação e contou com a participação efetiva de 5.000 professores, que foram entrevistados, e desses 5.000 professores, aproximadamente 1.600 profissionais se consideram e se declararam pobres.
Por aí se pôde colocar a questão dos baixos salários como principal e evidente  empecilho para que o professor possa ter devido acesso às novas tecnologias e às várias formas de cultura que lhe favoreçam um melhor desempenho pedagógico. Outros dados também foram anunciados e revelados pela pesquisa da Unesco, como:  que 45% dos professores entrevistados jamais conheceram um museu: que 40% nunca assistiu a uma peça teatral e 25% jamais foi ao cinema. Um dos piores dados revelados é de que aproximadamente 60% dos professores não têm acesso à internet e não possui correio eletrônico, mesmo considerando o progresso tecnológico contemporâneo que se apresenta em pleno vapor. Dentre os entrevistados, quase em sua totalidade, a opção de lazer disponível e utilizado continua sendo a televisão.
Outro dado interessante revelado na pesquisa, e que não é surpreendente, é o número esmagador de mulheres que atuam na área da educação, em relação aos homens. A pesquisa mostrou que são 81,5% de mulheres e 18,5% de homens. No quesito salário, a pesquisa mostrou que os salários variam de dois a dez salários mínimos, e que mais de 65% dos professores estão na faixa de menor poder aquisitivo em função do baixo salário.
            Todos esses resultados demonstram a falsa valorização da profissão do professor, que infelizmente, vem sofrendo e sendo taxado como responsável pela declinação da educação no Brasil, coisa que sabemos, acontece em virtude de vários fatores negativos existentes no sistema, e incoerentemente, como parte da nossa própria cultura.