A Sociedade dos Jovens

A Sociedade dos Jovens

Livros: Igual a dinheiro.

Diante da realidade consumada pelas pesquisas, em especial a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, do MEC, a escola é uma fábrica onde se produz a leitura e os leitores, que pode, se trabalhada de acordo, transformar-se em uma grande fábrica geradora de consumidores de livros. Só que há de ser feito um realinhamento nos conceitos de leitura, pois, quando se trata de leitura feita por obrigação, sem que o aluno/leitor curta o texto, e só lê para cumprir um dever escolar, fica longe o ideal de ser tornar o aluno um leitor em potencial, longe de se criar leitores críticos, podendo inclusive, esse tipo de leitura forçada, virar uma vacina contra o hábito de ler.
Resultados das pesquisas promovidas pelo governo mostrou que na pesquisa de 2001 cada brasileiro lia 1,8 livros por ano, e em 2008, cada brasileiro lia em torno de 3,7 livros por ano. Outro detalhe destaque na pesquisa é com relação à escolaridade média dos brasileiros que não chegava a seis anos, o que é menos da metade dos anos que um estudante coreano passa na escola.
Com isso, justifica-se a dificuldade da escola em alfabetizar as crianças, a levá-las a domar as palavras, a iniciar um relacionamento com a leitura e com os livros. Começando a ser incentivada mais cedo, a criança irá se acostumar com a leitura, tornando-se fiel consumidora. Para tal, é necessário que ela tenha os professores como modelos influentes, adquirindo o gosto pela leitura, para criar afetividade com a leitura e o hábito de ler.
Neste contexto aparece outro fator negativo que interfere no processo de se elevar o número de leitores no país: as editoras, que, através das pesquisas, vêem que são mais de 57 milhões de pessoas, ou um terço da população, matriculado nas escolas básicas, além de mais dois milhões de professores que atuam nesse grau de ensino, e fora o ensino superior. Visualizando pela matemática financeira, são mais de 63,2 milhões de pessoas, potenciais consumidores de livros, que aos olhos das editoras, é um prato cheio. Aí, deixam de facilitar a produção de obras literárias, de livros culturais, para buscarem lucros maiores nos livros didáticos.
Hoje, o mercado editorial brasileiro é um setor da economia que movimenta mais de R$ 4,4 bilhões ao ano e produz 300 milhões de exemplares e 35 mil títulos lançados o que, em números absolutos, o credencia a um dos maiores do mundo.
Com base no exposto, conclui-se que, infelizmente, o que deveria ser um setor de promoção da cultura e lazer se tornou um campo altamente comercial, visando tão somente o volume das negociações. Não podemos considerar este fator como bom, mas sim, péssimo, pois infesta os meios pedagógicos com centenas de livros de centenas de autores novos, desconhecidos e talvez sem condições de montar um livro didático condizente com o perfil dos alunos que temos nas diferentes escolas e comunidades, e sim, preocupados em criar livros bastante coloridos, cheios de figuras, desenhos e tirinhas, como se isso foi o ideal.
O alto interesse pela comercialização de material didático inviabilizou, de certa forma, a alfabetização, e, principalmente, o hábito da leitura, literalmente falido, também, com o advento da televisão, computador e internet.
Já há aqueles que dizem que a educação é a indústria de maior crescimento no momento, e que nos próximos 20 anos, só terá como concorrente a indústria do setor de saúde.